Quase todos os dias leio. Sento e leio. Faço apenas isso por minutos, se possível horas. Quando o tempo não me permite ler, eu toco, folheio, mantenho um livro próximo, como uma espécie de amuleto ou uma apólice de seguro.
Um livro, meus livros (os que comprei ou ganhei ou herdei ou que simplesmente vieram parar em minhas mãos e ficaram, e mesmo os que perdi) eu os vejo como objetos que me ajudam a despistar a sensação de desprendimento. Há qualquer coisa estável em um livro que reabilita a curto, médio ou prolongado prazo nossa visão "perdida" de mundo.
Ler é na maioria das vezes um ato de introspecção que provoca ao mesmo tempo um absoluto envergar para dentro e nesse universo interior o despertar para fora, para o outro, para o abismo da humanidade. Não cultuo livros, não os vejo como objetos de adoração, não ponho livros em altar e nem em estantes de mogno inacessíveis.
Com os meus livros eu tenho uma relação incestuosa de me misturar a eles, de às vezes esconjurá-los, de reatar o contato, de odiá-los em sua intimidante magnitude, de muito frequentemente querer a eles me unir num lance eterno de sorte.
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