domingo, 15 de setembro de 2013

Mais um verso (inverso)

             

              Por um tempo fui meu próprio avesso 

                     Hoje, Inverso de um tempo que não fui.




domingo, 8 de setembro de 2013

Campanha Janelas e Persianas Abertas


De vez em quando as primeiras horas da manhã em Vitória proporcionam a mítica imagem de um arco-íris. Este foi visto da janela da casa dos meus pais, em Jardim da Penha. Impossível não pensar: e o pote de ouro? - Vitória/ES (12/05/2014).

         Da sacada (que me serviu de janela) do Norma's Restaurant, no Cerro Alegre - Valparaíso/Chile (07/10/2013).


Cortesia dos amigos Marina e Dihego em viagem à Áustria. Vista da janela do hotel, na cidade de Innsbruck, capital do Estado do Tirol. A cidade é cortada pelo Rio Inn e está localizada no meio de altas montanhas (Setembro de 2013).

Ao fundo, no ponto mais alto da cidade de Innsbruck, Hafelekar (2.256m).


Vista da Janela do Corredor Central do Convento Nossa Senhora da Penha - Vila Velha - ES



Vista da Janela do Restaurante "Café Geraes" em Ouro Preto - MG (07-01-2012).


Vista do nascer do sol em um apartamento de Copacabana. Enviada por Iane Paiva.




Vista da Janela de um dos quartos da Ala da Carapuça, no Parque do Caraça - MG (05-01-2012)


Vista da Janela da Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Caeté - MG. Construída por volta de 1720, é a mais antiga da cidade. Ao fundo, é possível ver a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, erguida também no século XVIII.


Vista da Janela da Estação Ferroviária de Ouro Preto, de onde se observa um casarão em estilo colonial e, mais ao fundo, uma parte do "Morro da Forca". Contribuição da amiga colorida, Julia Letticia.


Vista noturna de parte da Avenida Giovanni Gronchi, na grande Morumbi, em São Paulo. 22/03/2012


Contribuição às avessas do querido amigo Belchior, mas está valendo. O registro é o que importa, apesar de não se enquadrar perfeitamente na proposta do acervo. A paisagem da janela foi capturada no Bairro da Boca na cidade de Buenos Aires. "Boemia"


Bairro da Boca, Buenos Aires (2012)


Bairro da Boca, Buenos Aires


Janela de casa: silêncio de passarinhos em revoada. São Paulo


Casa dos amigos Marina, Dihego e do que pequeno Victor. Viçosa - MG (agosto de 2012).


Vista para a Plaza Moreno. A foto foi tirada de dentro da Catedral Metropolitana "Inmaculada Concepción", no coração de La Plata, capital da Província de Buenos Aires (setembro de 2012). 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Prelúdio.


      Uma cidade sem história contada é pergaminho perdido no tempo. Caminho indecifrável. É como nascer, ser batizado e nunca mais ouvir o seu nome. É como nascer e alguém esquecer de te narrar. Pensam que nascer é já prodígio suficientemente grande e se distraem da tarefa de existir. Existir é narrar. É ser narrado. 

        É preciso ressuscitar os personagens e as esquinas da cidade. Suas infâncias, seus mitos, suas bem-aventuranças, suas tragédias. Uma ressurreição literária. Ato voluntário da criação.

       Eu diria: ressuscitar como alguém ausente que chega de volta à casa e retira o pó da superfície dos móveis. A cena lhe comove, porque ao contrário do que supunha, pelo silêncio e pelo abandono, encontra vida por debaixo da poeira grossa. Mesmo que seja passada... Pelo voo livre essa vida se torna agora, se ajusta, se recompõe diante de uma necessidade muito humana e genuína de se sonhar e de se querer eterno.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Anoiteceu...

http://marinaaniramart.blogspot.com.br

E a vida aqui, longe de você, ganha
contornos de infinito.

Como uma sucessão incorruptível de
dias e noites.

Por trás da vidraça embaçada,
aparentemente aquecida do frio,            
vivo tormentos de insônia
em doses triplas de sonambulismo.

Paralisada, tal como uma lembrança.

Fragmentada, tal como não queria.

Alguém de algum lugar espia.
Mãos apoiadas ao queixo

Gira as horas como um brinquedo,
                     ora iluminando, ora enegrecendo.
                       
                          A paisagem, não fosse à força de
                                              expressão, pareceria quase etérea,
                                                                                       Quase estéril,
                                                                                                  Quase intacta.

domingo, 19 de maio de 2013

Reflexões de um formigueiro.




http://bailaolopes.wordpress.com/ilustracao/ilustracoes
-soltas/44-a-formiga-rabiga/
Peregrinação das Formigas

... que de curto caminho,
para nós humanos,
percorrem meio mundo,
teimosas operárias do tempo,
para concretizar pura e muito
simplesmente
a obrigação de existir,
Coletiva-mente...

             *

O que esperar de uma formiga
desgarrada, perdida
há milênios de distância
de sua tropa retilínea?
Minúscula na sua errância
Eterna ou Inteira na sua
corajosa rebelião individual,
de fundar sua própria
nação-formigueiro?

sábado, 27 de abril de 2013

Kosi Ewe Kosi Orisá


Quando eu morrer quero virar uma planta!

Num emaranhado de cordões verdes.

Envolvida no cheiro alacre de outras plantas.

Na minha própria textura de vegetal.

Viva da raiz ao caule. 
Nos dias primaveris abrir flores.

Sementes de mais uma estação.

Disponível para o tempo.



terça-feira, 19 de março de 2013

Ave Maria.

O sino da igreja tocou no exato minuto em que o dia completou suas 18 horas. Lembro-me de estar, nesse mesmo instante, acolhida do frio das tardes de maio na casa de minha avó. As cigarras completavam o anúncio dos sinos e pareciam orientadas e acostumadas a iniciar o bater de suas asas logo que o ritual religioso se completasse, assumindo como sua a tarefa de continuar os prenúncios da noite que avançava. Eu acompanhava muito muda e atenta os barulhos que, para a maioria, passava imperceptível, por força do hábito.

Era quase sagrado. Chegava novamente a hora de apoiar-se no encosto da varanda para observar e comentar a vida dos passantes ou só para respirar um pouco de ar fresco. De vez em quando o latido de um cachorro assustado predizia um possível atropelamento. Na esquina da rua principal da cidade era comum o trânsito de caminhões e carros que só estavam ali de passagem, levando rostos desconhecidos e todo tipo de gente que dos moradores daquele lugar nada sabiam, ignorando sem pudor também o nome de batismo daquele caminho, margeado de casas simples, descoloridas. Talvez a preocupação de minha avó em sempre retingir a sua casa venha daí, desse saber misterioso colhido pelos anos de observação, pelas vezes que encarou os viajantes e calculou quantos deles julgavam ser aquele um lugar de miséria, esquecido por Deus. Ela coloria a sua casa, seja por esse ou outro motivo, e de repente tudo para mim adquiria novo aspecto e eu deixava momentaneamente de querer ser como aqueles viajantes.

Algumas comadres que passavam pela calçada se detinham às vezes para conversar, contando casos recentes, sempre interrompidos por suas exclamações de um "graças a Deus". E Deus voltava a contribuir para o equilíbrio do dia. Os solitários fechavam suas janelas cedo, seguidos pelos pais de família. Minha avó também fazia a casa toda dormir para quem a via do exterior. Dentro, um ritmo quente e compassado por seus chinelos de dedo me dizia que daqui a pouco o cheiro da sua comida voltaria a povoar as minhas narinas, de modo a impregnar não só aquele momento fugidio como toda a minha vida. Volta e meia algum bicho se infiltrava pela janela e meu pânico a fazia rir gostosamente. Com naturalidade, ela convivia com as lagartixas detrás da estante da televisão, com as pererecas que visitavam o banheiro e com os calangos do quintal. A contragosto matava um para me acalmar. Nada disso espantava a minha vontade de ficar ali. Eu ficaria ali para sempre, mesmo que eu não soubesse disso naquela altura.

Deitar para dormir nunca era definitivo, pois a claridade dos postes, o barulho dos caminhões e os alívios urinários da madrugada faziam viva a casa de minha avó, mesmo no silêncio, mesmo na hora mais extrema da madrugada. Foi a primeira ideia cortante que me invadiu quando soube que não a veria mais. Pensei na inevitabilidade de tudo que é humano e na também inadiável morte da casa de minha avó, que ficaria de luzes apagadas, sem fogo que a aquecesse, sem água que a refrescasse, sem plantas que a alegrasse, sem vassoura que a varresse e sem as chinelas de dedo que a acariciasse.  


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

U me dobry.


"Um trem deve ir devagar
para que as borboletas possam
entrar e sair pelas janelas."


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sopro.

Acordei subitamente inundada de saudade.
Por pouco, quase mesmo, não respirei seu cheiro.
Não foi como uma névoa. Você esteve aqui. Eu sei que sim.
Porque lágrimas densas caíram dos meus olhos ainda cerrados.
Sempre na luta de prolongar o instante da sua presença,
De não querer te deixar partir.
De não entender porque sempre existe a hora de partir.

É preciso dizer: - acho que nunca vai passar.

Mais forte do que qualquer fotografia, que um dia descolore...
São as lembranças, todas elas gravadas, machucadas, impressas
É quando eu volto a perceber seu olhar de afeto, aprovando minha existência.
O amor enorme que me fortalecia. Sem tamanho e eterno.
A tristeza de ter te decepcionado, de não ter segurado sua mão, antes de ir embora...

Vigia, me guarda, acaricia meu rosto.
Mesmo que eu não te veja, mesmo que eu pareça distraída.
Porque um dia eu acordo, eu volto a respirar e esqueço que te perdi.