quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Conversas de cipó
São muitas as conversas de cipó
Ocorrem de cócoras, de costas, de canto
Bambu de indagações, a conservar histórias
Faz dias que não vem
Conversas róseas, cor de fumo, bordô
Menos translúcidas. Letras soletras
Palavras. Lavras as pás de onde tiras sustento
Conversas de cipó no mato, na lata, no cascalho
Ressonante, altissonante, murmurada
É corrente
Faz ideia de quê, de onde, de mim
Cipó. Conversas de tronco, de altar, de praça
Açoite de palavras, a cintilar bordados
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
Menino de suspensórios
Para o menino de suspensórios,
Que há 70 anos está nesse mundo.
Que viu coisas que não imagino. Que chorou e riu por motivos que nem desconfio.
Foi garoto, depois moço, então adulto e pensa que já pode envelhecer em paz.
O que talvez o senhor não saiba, tio querido, é que aquele menino da frente da casa dos pais, que um dia eu vi numa fotografia antiga, aquele que usava suspensórios e tudo, é seu próprio coração.
E este, até parar de bater, obrigado pelas circunstâncias, ainda é o mesmo de quando nasceu: gosta de bolinhas de gude, de carambola, de todos os cachorros vira-latas da rua, gosta de correr descalço, também da água fria da chuva, gosta do cheiro da comida que acabou de ser feita, da noite cheia de estrelas, de ainda, de vez em quando, colher uma fruta do pé...
Gosta de coisas simples, porque quando abre um sorriso é ainda aquele menino, galante, orgulhoso, com brilho nos olhos, cheio de sonhos e promessas a cumprir.
Para você, eterno menino de suspensórios, feliz aniversário.
Com amor,
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