sábado, 20 de dezembro de 2014

Casa


Um dia eu morei numa Casa
Quente
Sempre
e muito aquecida
Dentro dela eu ouvia melhor
Enxergava feito passarinho rasante
Tinha o sabor na ponta da língua
E os cheiros condensados
A Casa era rodeada de folhas frescas
Dia e noite
Clara
Ventre confortável
Indestrutível
Mágica
Dois olhos a espiar e a proteger
Mantinham a Casa segura
Fortaleza sem muralha
Ilha sem fronteira
Um dia eu me despedi
E tudo o que havia dentro
Fugiu de lá para a memória
Como num volteio sem volta
A cor foi deixando meus olhos
O perfume dos cheiros
O gosto da bochecha
Os barulhos calando até o silêncio
Era minha
A Casa 
Ninho na sombra
Calor de asas
Quente
Mágica

Hoje ruína.

***