quarta-feira, 11 de julho de 2012

A gente da praça

A gente da praça com seus olhos úmidos e desavisados
Grita ardentemente perdão pelos erros que não cometeu
Tão profundamente sãos e insanos, de mãos nervosas e pele sem luz.

A voz rouca, ofegante, sem pressa, acostumada ao ouvido do vento
Nada está a sua espera, túnel, vazio, firmamento...
E na praça, mais do que todos os passantes, sente os caprichos do tempo,

A chegada de uma primavera que dura menos, bem menos do que as noites de frio,
E o susto das tempestades.

Em trapos, se aquece como prisioneiro de um cárcere sem muros
Pelos cantos de uma parede de mármore, pelos vãos de uma loja de luxo,
Pelas quinas de um bistrot sofisticado, cheirando a comida que só pode saborear
Em restos, réstias de quem não sabe que é humano...

A gente da praça não morre de fome, não morre de frio, não morre doente.
A gente da praça morre de esquecimento...